ROSE GAMA
Rose Gama estreiou em nossa casa em 1964, apresentando-se com Retiro da Saudade. Nessa ocasião, a poetisa exercia intensa atividade artística no se Curso de Declamação, onde se procurava dar aos jovens essa capacidade interpretativa tão necessária à formação de novos valores.
O temperamento lírico de Rose Gama, sua sinceridade de propósitos dentro do gênero — deixaram nos leitores a melhor das impressões.
Volta agora com Pétalas de Poesia, nova coletânea de poemas em que prevalece a mesma tônica, a constante suavidade de persuasão as conduzir sua mensagem coma endereço certo.
Madalena Léia Barbosa Correia (Madalena Léia) prefacia o livro, destacando “O mensageiro é o poeta. E Rosa Gama tem tantas mensagens esparsas nestes belos poemas! Mensagens de sua alma sensível enquanto vais despetalando a coletâneas de poesias, como a uma grande flor.”
O reaparecimento dessa excelente poetisa — temos certeza — alegrará seus admiradores, tal a beleza dos poemas enfeixados em Pétalas de Poesia.
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GAMA, Rose. Pétalas de poesia. Prefácio por Madalena Léia Barbosa Correia. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1966. 70 p.
10 908
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
GAROTO DE PIXE
Menino de rua
Carinha tão suja
Que a noite da pele
Não pode esconder
Menino de rua
Sorriso tão branco,
Saltando do escuro
Que a alma pura
Se pode ver.
Olhar buliçoso,
Bolinha de gude,
Saltando brejeira,
A procura, de que?!
Menino de rua
Pinguinho de gente,
Garoto de pixe
Gosto de você!
AMOR DE CALÇADA
Nós dois,
e a chuva caindo...
Nós dois...
bem juntinhos,
felizes, sorrindo
Nossos passos, sozinhos
Na rua molhada...
Nossos olhos tão perto,
De amor, cintilando
Em mil ternuras
Iam eles falando,
Na sua linguagem
pura, calada.
Parecia só nossa
A note e o mundo
Como é gostoso
Este amor, vagabundo,
Amor boêmio,
Amor de calçada!
E ao fazer estes versos,
Penso em nós dois
E pergunto à chuva,
O que será depois...
Quando ela passar,
E não restar mais nada?!
DUAS ESTRELAS
Vejo tua estrela feliz, cintilando...
Rainha altiva, no trono infinito.
E a minha vai aos poucos se apagando,
Sem uma queixa, lágrimas ou grito.
Nesta existência, tão vã e descrente
Eu quis ser tudo, mas... tão pouco sou!
Tu és fulgor, cristal resplandecente...
E eu pobre estreia que já se apagou!
DÁ-ME
Toma de mim
A noite do abandono
E dá-me a tua madrugada
Toma de mim
O abismo do silêncio,
E dá-me o eco de teus passos
Toma de mim
O frio da ausência,
E dá-me a tua presença
Toma de mim
O último suspiro
E afoga-o na taça de teus lábios...
*
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Página publicada em agosto de 2025
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